Filipenses 3.12-24
Queridos irmãos de Filipos.
A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo (Filipenses 1.2).
Aqui
estou em Roma. Quero lhes dizer que não sei tudo o que me aguarda, mas
sei que tudo posso nAquele que me fortalece (Filipenses 4.13).
Sei
que vocês estão preocupados comigo, e eu lhes agradeço. Saibam que tudo o
que me te acontecido tem contribuído para o progresso do Evangelho no
coração do mundo, e isso me inunda de alegria. É por isto que para mim o
viver é Cristo e o morrer é lucro (Filipenses 1.21).
O que eu espero
é que, na minha ausência ou na minha presença, vocês ponham em ação a
salvação de vocês com temor e tremor (Filipenses 2.12).
Olhem o que
eu fiz: aquilo que parecia tão interessante passei a considerar como
perda, por causa de Cristo. Na verdade, considero meus títulos como
perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus,
meu Senhor, por quem perdi todas as coisas. Eu as considero como
esterco para poder ganhar Cristo. (...) Quero conhecer Cristo, (...)
Cristo que me alcançou. É por isto que esquecendo-me das coisas que
ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o
alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo
Jesus (Filipenses 3.8-14).
Eu sei que vocês querem prosseguir para o
alvo, porque vocês querem receber o prêmio que Jesus tem para todos nós.
No entanto, eu sei que alguns irmãos pararam na corrida cristã. Parece
que alguns estão até andando para trás. E por que isto acontece? Como
devemos viver?
(1a)
Deixamos de prosseguir para o alvo quando nos trancamos no passado ou no presente, seja ele bom ou ruim.
Para
muitos irmãos, o passado os impede de prosseguir. Uns porque têm
lembranças extraordinariamente felizes porque foram justificados em
Cristo e agora têm paz com Deus. Eles se lembram tanto daquele tempo,
que, parece, nada mais lhes aconteceu. Para eles, "tudo está no
passado"; a essência da vida é feita de regras e rituais. Viver o
evangelho é apenas permanecer nas regras e manter a forma. Nada mais
importa porque já são justificados; já são salvos. Eles vão à igreja -- e
"isso é suficiente". WAGNER, Glenn. Igreja S/A. São Paulo: Vida, 2003,
p. 226. Assim, o máximo que fazem agora é ir a igreja todo domingo, como
se isto saldasse suas dívidas com Cristo, aliás, como se tivéssemos
alguma dívida. A cruz não nos deixou dívida, mas apagou todas as nossas
dívidas. Agora, nosso único legado é a esperança.
Já pensaram eu
ficar pensando a vida toda naquele meu encontro com o Senhor Jesus
quando ia para Damasco... Ah! eu tenho vivo na memória tudo aquilo que
me aconteceu. Minha vida completamente. Mas eu não posso ficar no
passado, embora seja muito bonito. Mesmo porque depois de Damasco
aconteceram tantas coisas. Aliás, todo dia acontecem tantas coisas. São
tantas as experiências que ainda me virão, que estou à espera, me
alegrando por antecipação.
É por isto que eu gosto da história de
Elias. Eu me emociono relendo sua vitória sobre os 450 profetas de Baal.
Penso que o próprio Elias se emocionou com aquele triunfo. Imagino que
Elias ficou contemplando a sua vitória, tanto, ao ponto de esquecer que o
Deus que dera a vitória era o mesmo quando Acabe e Jezabel ficaram
furiosos com a derrota que sofreram diante do povo. A vitória foi uma
imagem que cresceu, rica em detalhes na sua mente. Ouso dizer que Elias
ficou tão empolgado com o presente que se esqueceu do presente. Por
isto, perdeu o contato com Deus. Quando voltou a ameaça, ele não
retornou para Deus; ele se concentrou em si mesmo e só encontrou a
escuridão.
Para muitos irmãos, o passado os impede de prosseguir,
mas por outra razão. Eles olham para trás e vão vendo as cicatrizes
deixadas nas suas memórias. Suas cicatrizes são lidas como sinais de que
nada vale a pena. As perdas do passado mostram que não virão
experiências novas que trarão um novo significado à vida.
Eu penso
diferente. Eu deixo para trás as coisas que aconteceram atrás, no
passado. Fui encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e
exposto à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e
nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez apedrejado,
três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia exposto à fúria do
mar. Estive continuamente viajando de uma parte a outra, enfrentei
perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos dos meus compatriotas,
perigos dos gentios; perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no
mar e perigos dos falsos irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes
fiquei sem dormir, passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum;
suportei frio e nudez. (...) Em Damasco, o governador nomeado pelo rei
Aretas mandou que se vigiasse a cidade para me prender. Mas de uma
janela na muralha fui baixado numa cesta e escapei das mãos dele
(2Coríntios 11.23-27, 32-33).
Tenho todas as razões para ficar no
passado, mas meu desejo é apenas avançar. Eu sei que em todos estes
momentos, o Espírito de Jesus esteve comigo.
(1b)
Estejamos preparados para o futuro.
Quando
temas tanta história, é muito difícil viver na perspectiva do futuro.
Se a história é bonita, achamos que não manteremos o padrão de
conquistas. Se a história é triste, achamos que não superaremos nossas
dores. Não é assim que pensamos?
Gosto de pensar na vida como algo
que está começando. Sei que não me resta muito tempo e que comigo o
presente século vai obter uma vitória temporária e o leão me tragará,
mas eu vivo como se minha vida estivesse começando. Quero voltar a
Jerusalém. Quero chegar à Espanha. Quero deixar um testemunho
inesquecível aqui em Roma. Quero ver de modo que a graça realmente me
baste.
Há muitos lugares onde a fragrância do Evangelho ainda não perfumou. Quero chegar lá com o aroma de Cristo.
Meus
irmãos: em lugar de ficarem presos no passado, estejam preparados para
dar um novo testemunho, WAGNER, Glenn, op. cit., p. 226. aprendido com o
profeta Isaías: Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma
imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam (Isaías 64.4). É
isto que devemos desejar: ouvir o que ainda não foi dito, ver o que
ainda não foi visto, tudo preparado por Deus para nós. Nossa esperança
já está reservada desde quando ouvimos a palavra da verdade do evangelho
(Colossenses 1.5).
Meus irmãos: vivamos como se nossas vidas
estivessem começando. Não desanimemos, porque sabemos que, embora
exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo
renovados dia após dia (2Coríntios 4.16).
(2a)
Deixamos de prosseguir para o alvo quando nos deixamos dominar pelo medo.
Na história do nosso Jesus, vemos algumas das manifestações deste medo.
O
medo nos faz ver fantasmas. -- Quando os discípulos viram Jesus andando
sobre o mar, eles ficaram com medo. Por causa do medo que sentiram,
eles acharam que estavam vendo um fantasma e gritaram apavorados (Mateus
14.26). O medo nos faz ver perigo onde há uma bênção a ser recebida.
O
medo nos faz submergir. -- Naquela mesma noite, meu amigo Pedro se
superou e se lançou ao mar. Ele ia caminhando bem sobre as águas, até
ter medo. Tomado pelo medo, começou a submergir. Se não fosse Jesus a
lhe estender a mão, meu amigo teria morrido afogado (Mateus 14.30).
Todos temos problemas a enfrentar, e se os enfrentamos com medo, nós
sucumbimos.
O medo nos faz fugir. -- Algumas mulheres tiveram o
privilégio de ver pela primeira vez o sepulcro vazio de Jesus. (Ah como
eu gostaria de ter visto o túmulo vazio de Jesus!) Será que eu teria
medo? Elas ficaram com medo e fugiram. Paralisadas, não deram o
testemunho que precisavam acerca do que tinham visto (Marcos 16.8).
Jesus nos deixou muitas responsabilidades enquanto nos espera no céu.
Com medo, só desempenharemos aquelas mais fáceis, mas há missões
difíceis esperando as nossas ações.
O medo nos faz mentir. --
José de Arimatéia fez algo que eu gostaria de ter feito: ele cuidou do
corpo de Jesus, mas fez uma coisa terrível: escondeu que era discípulo
do nosso Senhor, também por causa do medo. Ele temia as possíveis
conseqüências sobre a sua carreira, se soubessem que era um seguidor de
Cristo (João 19.38). O medo nos faz esconder. Os discípulos de Jesus,
quando souberam da Sua ressurreição, passaram a se reunir escondidos,
também com medo da perseguição que poderia vir. Felizmente o Senhor não
levou isto em consideração e foi até ao encontro deles. (João 20.19). Já
tive que correr para não apanhar por causa da minha fé. Houve situação
em que não tive como correr e quase morri de tanta violência. Prefiro
olhar para as minhas marcas do que me recordar que não as tive porque
menti acerca de minha identidade, porque negar a minha identidade é
negar o meu Senhor.
Eu lhes digo: quem vive dominado pelo medo
não prossegue para o alvo. Sabe que há um alvo, sabe que há um prêmio
para quem alcança o alvo, mas o medo faz seus pés ficarem tão pesados
que não conseguem avançar.
(2b)
Devemos pedir que Deus nos capacite com coragem para prosseguir.
Vocês
se lembram a primeira vez que estivemos aí em Filipos? Fomos presos e
amarrados naquele buraco, a que os romanos insistem em chamar de prisão.
Não tínhamos água, não tínhamos luz, mas nós cantávamos até alta hora
da noite. Eu cantava porque eu não estava sozinho. Estava com Silas. Nós
cantávamos, porque não estávamos sozinhos. O Espírito encorajador de
Deus estava conosco.
Não tivemos medo. Afinal, Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio (2Timóteo 1.7).
Posso mesmo dizer: sejam meus imitadores (Filipenses 3.17), porque não tenho medo
Meus
irmãos: não se esqueçam que quem está em Cristo é nova criação. As
coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! (2Coríntios
5.17). Nós fomos sepultados com ele na morte por meio do batismo, a fim
de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória
do Pai, também nós vivamos uma vida nova (Romanos 7.4).
(3a)
Deixamos de prosseguir para o alvo quando aceitamos o convite do presente século.
E eu me lembro de Demas. Espero que não tenha nenhum parente ou amigo de Demas aqui, mas preciso falar sobre o que ele fez.
Ele
esteve aqui comigo na cadeia. Era um bom companheiro. Falei dele quando
escrevi aos queridos de Colossos (Colossenses 4.14) e ao irmão Filemon
(Filemon 10).
De vez em quando ele saía para comprar algumas coisas
para nós ou para levar alguma correspondência aos irmãos de fora. Um dia
desses veio com uma conversa profana, reclamando das condições de vida
aqui, queixando-se até da cama onde dormimos. Eu olhei para as minhas
cicatrizes e fiquei calado. Depois ele tentou me mostrar que este nosso
sacrifício era em vão, que podíamos nos livrar da morte, inventando uma
história qualquer. Demas chegou a nos chamar de fanáticos por seguirmos a
Jesus tão ao pé da letra. Afinal, há tantas coisas boas lá fora e nós
aqui, apodrecendo nesta casa -- insinuou ele. Demas me disse que eu
encontraria um emprego fácil como professor em Roma, mesmo sabendo que
um pedagogo tem que ensinar sobre os deuses greco-romanos como se não
fossem invenções humanas. Fiquei desolado. Eu lhe disse: "Demas, tudo
isto que agora o seduz eu já tive. Por isso, o que para mim era lucro,
passei a considerar como perda, por causa de Cristo. Sabe, Demas, mais
do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza
do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem perdi todas as
coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar Cristo. Não
adiantou. Timóteo também falou com ele e lhe mostrou o quanto o
Evangelho precisava dele aqui, mas ele simplesmente sumiu. Demas me
traiu. Demas me abandonou e foi para Tessalônica (2Timóteo 4.10) viver
do seu modo, longe de Jesus. Ele amou este mundo que vai ser destruído.
Eu continuo amando aquele mundo que ainda vai se revelar quando Jesus
voltar".
(3b)
Devemos olhar os convites do presente século como tentativas para nos desviar do caminho.
Espero
que aí em Filipos não haja nenhum Demas. Desejo que todos, não importa o
que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de
Cristo, para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu
respeito em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes
num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica (Filipenses 1.27).
Não façam como Demas; antes, façam tudo o que estiver ao alcance de
vocês, para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de
Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual
vocês brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a palavra da
vida. Assim, no dia de Cristo eu me orgulharei de não ter corrido nem
me esforçado inutilmente (Filipenses 2.15).
(4a)
Deixamos de prosseguir para o alvo quando desvalorizamos o prêmio prometido por Jesus Cristo.
Há
uma vida muito melhor que esta no céu, mas vejo muitos irmãos
esquecidos desta verdade e satisfeitos com coisas que não passam de
sombras em comparação àquelas que ainda virão (Colossenses 2.17). A
nossa cidadania, porém, está nos céus, de onde esperamos ansiosamente o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Filipenses 3.20). Para nós, portanto,
está prometida uma vida eterna com Cristo (Tito 1.2). Nós esperamos esta
felicidade plena, que virá junto com o aparecimento da glória do nosso
grande Deus e Salvador Cristo Jesus (Tito 2.13). Por isto, sabemos que,
[quando e] se for destruída a temporária habitação terrena em que
vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna nos céus,
[que] não [é] construída por mãos humanas (2Coríntios 5.1).
Fazemos
bem em lutar pela cidadania terrena, mas fazemos mal em pensar que toda a
nossa esperança se esgota na obtenção desta cidadania. A melhor é
aquela a que teremos acesso com a volta de Jesus Cristo.
Fazemos bem
em buscar a felicidade, aqui e agora, mas fazemos mal em nos cansar
nesta busca, porque isto não nos satisfará. Haverá felicidade plena com a
volta de Jesus Cristo.
Fazemos bem em construir casas próprias e
melhores, neste nosso tempo, mas fazemos mal em esquecer que Deus
construiu para nós uma casa eterna, que ganharemos com a volta de Jesus
Cristo.
Apesar de tudo isto, muitos irmãos não entendem que partir e
estar com Cristo é muito bom (1Coríntios 1.23), seja o presente ruim ou
muito bom. Muitos irmãos pensam que a esperança cristã é apenas para
esta vida e, ao viverem assim, se tornam dignos de lástima (1Coríntios
15.19).
(4b)
Devemos olhar para o alvo e para o prêmio destinado a quem conquista a vitória.
Sabem
porque nunca desanimei, mesmo quando pressionado? É porque eu não tirei
o meu olhar do alvo. Sabem porque, depois de ter recebido a salvação,
nunca dei ouvidos aos cantos do presente século? É porque eu nunca me
esqueci do prêmio reservado para mim.
Eu sei que vencerei e anseio
por aquele dia quando o presidente do Comitê dos Jogos Olímpicos eternos
vai me chamar pelo nome, esperar-me no pódio celestial e me entregar a
coroa da vitória, que é o próprio Jesus Cristo: Ele é a minha coroa.
Meu
alvo é Jesus Cristo: eu quero ser como Ele. É para Ele que eu corro. É
por Ele que eu corro. Eu serei como Ele, quando me encontrar
definitivamente com Ele. Meu prêmio é Jesus Cristo: é a Ele que eu quero
e eu O alcançarei de modo completo quando eu acabar a minha corrida.
Meus
irmãos: não importa em que estágio estejam na corrida, se perto do
estádio ou no começo da carreira: não tirem os olhos do Alvo; não
esqueçam o Prêmio guardado para lhes ser entregues. Tenham sempre em
mente que, pelo poder que capacita [Jesus] a colocar todas as coisas
debaixo do seu domínio, Deus transformará os nossos corpos humilhados,
tornando-os semelhantes ao corpo glorioso [de Jesus] (Filipenses 3.21).
Meus
irmãos: nesta caminhada, não se esqueçam que perto está o Senhor. Não
andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e
com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que
excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em
Cristo Jesus (Filipenses 4.5-7).
Gosto desta dinâmica da fé: já
recebemos tudo, a salvação; mas não alcançamos ainda a glorificacao. Eu
quero meu corpo glorioso como o de Jesus. Estou certo que vocês também
têm o mesmo desejo.
ASSEMBLÉIA DE DEUS DA PALAVRA VIVA. Esse Manual considera que uma das principais tarefas do teólogo é a interpretação das Escrituras Sagradas com vistas à produção teológica e ao ofício didático e pastoral. Isso torna a exegese da Bíblia um empreendimento teológico. "Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4 : 14) PENSO E DEIXO PENSAR.
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