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HAMARTIOLOGIA - DOUTRINA DO PECADO


LIÇÃO 10 - HAMARTIOLOGIA - DOUTRINA DO PECADO


LIÇÃO 10 - HAMARTIOLOGIA – DOUTRINA DO PECADO
Hamartiologia (do gregotransliterado hamartia = erro, pecado + logós = estudo), como sugere o próprio nome, é a ciência que estuda o pecado, ou, se preferível, o estudo sistematizado daquele tema (pecado).
Qualquer pessoa que se dá a meditar na doutrina do pecado, procurando compreendê-la mesmo à luz das Escrituras, inevitavelmente há de se defrontar com a seguinte indagação: Qual a origem do pecado?
1) CONCEITOS HISTÓRICOS E TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO PECADO
São os mais diversos os conceitos que ao longo da história surgiram acerca do pecado. Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.), foi, talvez, o primeiro dos pais da Igreja Antiga, a assegurar que o pecado no mundo se originou na transgressão voluntária do homem no Éden.
O conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e da teologia da Igreja, especialmente como arma no combate ao gnosticismo, pois este ensinava que o mal é inerente à matéria.
2) DO GNOSTICISMO A ORÍGENES
O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana com a matéria era que a tornava imediatamente pecadora. Esta teoria naturalmente despojou o pecado do seu caráter voluntário como é apresentado na Bíblia. Orígenes (185-254 d.C.) sustentou este mesmo ponto de vista por meio de sua teoria chamada “preexistencismo”. Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente em existência prévia, e, portanto, todas entraram no mundo numa condição pecaminosa. Este conceito de Orígenes sofreu forte oposição mesmo nos seus dias.
3) OS PAIS DA IGREJA GREGA
Em geral os pais da Igreja Grega dos séculos III e IV se mostraram inclinados a negar a relação direta entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em contraposição, os pais da Igreja Latina ensinaram com bastante clareza que a presente condição pecaminosa do homem encontra sua explicação na primeira transgressão de Adão no Éden.
4) DE AGOSTINHO À REFORMA
O ensino da Igreja do Ocidente quanto à origem do pecado teve seu ponto mais elevado na pessoa de Agostinho. Ele insistiu no ensino de que em Adão toda a humanidade se acha culpada e maculada. Já os teólogos semipelagianos admitiam que a mancha do pecado, e não o pecado mesmo, é que era causada pelo relacionamento humanidade – Adão. Durante a Idade Média, o que se cria a respeito do assunto era uma mistura de agostinismo e pelagianismo. Os Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.
5) DO RACIONALISMO A KARL BARTH
Sob a influência do racionalismo e da teoria evolucionista, a doutrina da queda do homem e de seus efeitos fatais sobre a raça humana, foi descartando-se gradualmente. Começou a se difundir a idéia de que, se realmente houve o que a Bíblia chama “queda” do homem, essa queda foi para o alto. A idéia do pecado odioso, aos olhos santos de Deus, foi substituída pelo mal, e este mal se aplicou de diferentes maneiras. Por exemplo, Emanuel Kant o considerou como parte inseparável do que há de mais profundo no ser humano, e que não se pode explicar. O evolucionismo chama esse “mal” de oposição das baixas inclinações ao desenvolvimento gradual da consciência moral. Karl Barth, teólogo suíço (1886-1968), fala da origem do pecado como um mistério da predestinação.
Em suma: O que muitas correntes da teologia racionalista erradamente ensinam é que Adão foi na verdade o primeiro pecador, porém sua desobediência não pode ser considerada como causa do pecado no mundo. O pecado do homem estaria relacionado alguma forma com a sua condição de criatura. A história do Paraíso nada mais proporciona ao homem do que a simples informação de que ele necessariamente não precisa ser pecador.
6) O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE A ORIGEM DO PECADO
Na Bíblia, o mau moral que assola o mundo, normalmente chamado pelos homens de fraqueza, equívoco, deslize, queda para o alto, se define claramente como pecado, fracasso, erro, iniqüidade, transgressão, contravenção e injustiça. A Bíblia apresenta o homem como transgressor por natureza. Mas, como adquiriu o homem essa natureza pecaminosa? O que a Bíblia nos diz acerca disso? Para termos respondidos estas indagações são interessantes e indispensáveis considerar o seguinte:

a) Deus Não é o Autor do Pecado
Evidentemente Deus, na sua onisciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do homem. Porém, deve-se ter o cuidado para que ao se fazer esta interpretação, não fazer de Deus a causa ou o autor do pecado. “Longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-poderoso o cometer injustiça”.(Jó 34:10)
Deus é santo e não há Nele nenhuma injustiça. “Ninguém ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta”. Deus odeia o pecado e como prova disto enviou a Jesus Cristo como provisão salvadora para o homem. Assim sendo, as Escrituras rechaçam todas aquelas idéias deterministas, segundo as quais Deus é autor e responsável pela entrada do pecado no mundo.

b) O Pecado Teve Origem no Mundo Angélico
Se quisermos conhecer a origem do pecado, teremos de ir além da queda do homem, descrita no capítulo 3 de Gênesis, e por a nossa atenção em algo que aconteceu no mundo dos anjos.
Deus criou os anjos dotados de perfeição, porém, Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra Deus, pelo que caíram em terrível condenação. O tempo exato dessa queda não é dado a conhecer na Bíblia. Jesus fala acerca do Diabo dizendo ser ele homicida desde o princípio. O apóstolo João diz que o Diabo peca desde o princípio. Pouco se diz a respeito do pecado que ocasionou a queda dos anjos; porém, quando Paulo adverte a Timóteo no sentido de que nenhum neófito seja designado bispo sobre a casa de Deus, diz o apóstolo porque: “...para não suceder que se ensoberbeça e caia na condenação do Diabo”. Daí se concluir que o pecado do Diabo foi a soberba e o desejo de sobrepujar a Deus.

c) Origem do Pecado na Raça Humana
“Portanto, assim como por um só homem entrou no pecado o mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. (Romanos 5:12)
7) O CONCEITO DE PECADO NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO
O Antigo Testamento descreve o pecado nas seguintes esferas:
a) Na Esfera Moral - A palavra mais usada para o pecado significa “errar o alvo”.
- Errar o alvo: Dá idéia de, como um arqueiro que atira, mas erra, do mesmo modo, o pecador erra o alvo no final da vida.
- Tortuosidade ou perversidade: o contrário da retidão; errar o caminho, como um viajante que sai do caminho certo.
- Falta: ser achado em falta ao ser pesado na balança de Deus.
- Mal: “violência”ou “infração”
b) Na Esfera da Conduta Fraternal
A palavra usada para determinar o pecado nesta esfera significa, violência ou conduta injuriosa (Gênesis 6:11; Ezequiel. 7:23; Provérbios 16:29) ao excluir a restrição da lei, o homem maltrata e oprime seus semelhantes.
c) Na Esfera da Santidade
As palavras empregadas eram: “profano”, “imundo”, “contaminado” e “transgressor”. Estes termos empregados nesta esfera implicam que o ofensor já usufruiu a relação com Deus. Entendemos que os Israelitas como povo escolhido, deveriam ser santos, pois pelas leis, em toda as atividades e esferas de suas vidas, estavam reguladas pela Lei da Santidade. E que fosse contrário a isso se tornava imundo, (Levíticos 11:24, 27, 31, 33, 39)
d) Na Esfera da Verdade
“Engano”, “Mentira”. As palavras que descrevem o pecado nesta esfera dão ênfase ao inútil e fraudulento elemento do pecado. Os pecadores falam e tratam falsamente (Salmos 58:3; Isaias 28:15; Êxodo 20:16; Salmos 119:128).
O primeiro pecador foi um mentiroso (João 8.44); o primeiro pecado começou com uma mentira (Gênesis 3:4); e todo o pecado contém o elemento do engano (Hebreus 3:13).
e) Na Esfera da Sabedoria
Os homens se portam impiamente porque não pensam ou não querem pensar corretamente; não dirigem suas vidas de acordo com a vontade de Deus, seja por descuido ou por deliberada ignorância. O homem precisa crescer na sabedoria para firmeza e fundamento moral, o que de palavras de sabedoria, ensino, exortação, fora escrito para ele não esquecer; para não ser facilmente conduzido ao pecado. (Mateus 7:26; Provérbios 7:7; 9:4)
8) NO NOVO TESTAMENTO

Palavras que expressam o Pecado no Antigo e Novo Testamento:
a) Errar o alvo i) Fermento
b) Tortuosidade j) Desordem
c) Perversidade k) Iniqüidade
d) Lepra l) Desobediência
e) Violência m) Queda
f) Profano n) Derrota
g) Imundo o) Impiedade
h) Transgressor p) Erro
. Errar o Alvo - que expressa a mesma idéia que a conhecida palavra do Antigo Testamento.
. Dívida (Mateus 6:12) - O homem deve a Deus a guarda dos seus mandamentos; todo pecado cometido é contração de uma dívida. Incapaz de pagá-la, a única Esperança do homem é ser perdoado, ou obter remissão da dívida.
. Desordem - O pecado é iniqüidade (I João 3:4), o homem escolheu a sua própria vontade, isto é rebeldia.
. Transgressão - literalmente “ir além do limite” (Romanos 4:15). Os mandamentos de Deus são cercas, por assim dizer, que impedem ao homem entrar em território perigoso e dessa maneira sofrer o prejuízo para sua alma.
. Queda - Cair para um lado, (Efésios 1:7). Pecar é cair de um padrão de conduta.
. Derrota - é o significado literal da palavra “queda” em Romanos 11:12. Ao rejeitar a Cristo, a nação judaica sofreu uma derrota e perdeu o propósito de Deus.
. Impiedade - de uma palavra, sem adoração ou reverência, (Romanos 1:18; II Timóteo 2:16). O homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus e as coisas sagradas, pois não há temor ou reverência, porque está sem Deus e não quer saber de Deus.
. Erro (Hebreus 9:7) - Descreve aqueles pecados cometidos como fruto da ignorância, e dessa maneira diferenciam daqueles pecados cometidos presunçosamente, apesar da luz esclarecedora. O homem que desafiadoramente decide fazer o mal incorre em maior grau de culpa do que aquele que apanhado em falta, a que foi levado por sua debilidade.
O pecado tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento é considerado uma “brecha” ou “rompimento” de relações entre o pecador e o Deus pessoal. É o desvio do pecado da vontade de Jeová, ou seja, a quebra da lei, sendo que Jeová é a própria lei.
9) TEORIAS ACERCA DO PECADO
a) A Teoria Pelagiana do Pecado
O “Pelagianismo’’ (do latim: “pelagianismus”), é a Doutrina fomentada por Pelágio, clérigo britânico do século IV. Entre outras coisas, ele negava o livre-arbítrio e a influência da graça divina. É semelhante ao “Determinismo”, que nega o livre-arbítrio e que o pecado é algo natural do homem.

b) A Teoria Católica Romana do Pecado
Pecado Capital - expressão com que a Igreja Católica romana designa diversos pecados: orgulho, ódio, inveja, impureza, gula, preguiça e a avareza.
c) A Teoria Evolucionista do Pecado
Baseada e fundamentada na Teoria de Darwin, o Evolucionismo considera o pecado como herança do animalismo primitivo do homem, ou seja, na fase evolutiva do homem, erros e falhas são comuns, até que um dia o homem chegará a ponto de perfeição.
d) O Ateísmo
Nega a Deus, nega também o pecado, porque estritamente falando, todo pecado é contra Deus, e se não há Deus, não há pecado.

e) O Determinismo
Essa teoria filosófica afirma ser o livre-arbítrio uma ilusão, e não uma realidade. Uma conseqüência prática do Determinismo é tratar o pecado como se fosse uma enfermidade por cuja causa o pecador merece pena, compaixão ou misericórdia (dó), ao invés de ser castigado.

f) O Hedonismo
O Hedonismo (do grego: “hedoné”e do latim: “hedonismus”; prazer), é a teoria que sustenta que o melhor ou mais proveitoso que existe na vida é a conquista do prazer e a fuga a dor. Eles desculpam o pecado com expressões como estas: “Errar é humano”; “o que é natural é belo e o que é belo é direito”.

A consciência testifica inequivocadamente da realidade do pecado. Todos sabem que são pecadores. Ninguém, que tenha idade de responsabilidade, tem vivido livre do senso de culpa pessoal e contaminação moral. O remorso da consciência, por causa do mal praticado, persegue a todos os filhos e filhas de Adão, ao passo que as conseqüências entristecedoras e terríveis do pecado são vistas através da deterioração e degeneração física, mental e moral da raça.
10) A ÁRVORE DO CONHECIMENTO DO BEM E DO MAL

A árvore proibida ou a “árvore do conhecimento do bem e do mal”, foi colocada no jardim para prover um teste pela qual o homem pudesse, amorosa e livremente, escolher servir a Deus e dessa maneira desenvolver seu caráter. Sem vontade livre o homem teria sido meramente uma máquina.
A árvore da ciência do bem e do mal fosse o que fosse a natureza exata desta árvore, literal, figurada ou simbólica, o pecado de Adão e Eva, em parte, foi essencialmente este: a transferência da direção das suas vidas, de Deus para eles mesmos. Deus lhes dissera em substância, que podiam fazer tudo que quisessem, EXCETO aquilo só. Foi um teste de obediência para eles. Para concluir, a “árvore proibida” era a fonte para o homem ser conhecedor de todas as coisas, o bem e o mal.
A culpa não tem sido descrita como ponto onde a religião e a psicologia se encontra com mais freqüência.
11) ORIGEM DO PECADO NO UNIVERSO
Devemos compreender que o pecado não teve sua origem aqui na terra. O primeiro pecado foi cometido no céu. Assim sendo a fim de compreender sua realidade e natureza, devemos estudar primeiro seu começo no universo, e depois seu começo na terra.
Vamos considerar a primeira pessoa responsável pelo pecado no universo:
12- Filho do homem levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.
13- Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.
14- Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.
15- Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade.
16- Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas.
17- Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem. (Ezequiel 28:12-17).
A passagem deixa claro que o profeta está descrevendo um ser sobrenatural. As palavras poderiam aplicar-se ao rei Tiro, mas elas vão além desta aplicação e descreve o maior de todos os seres criados. A quem mais poderiam aplicar-se estas palavras, do que a Satanás antes da sua queda?
Vamos agora observar o pecado cometido por esse ser exaltado:
Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações!
E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte;
Subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo (Isaias 14:12-14).
Cinco vezes Lúcifer opõe sua vontade à vontade de Deus. Pode ser visto então que o primeiro pecado foi o de rebelião contra Deus e total independência Dele.
. "Eu subirei ao céu" - existem três céus: o céu atmosférico, o estrelar ou astronômico, e o mais alto, ou terceiro céu, onde Deus e santos habitam. (II Coríntios 12:1-4) onde Paulo descreve sobre Ter sido arrebatado até o terceiro céu. A esfera dos Anjos é no segundo céu.
. "Acima das estrelas de Deus exaltarei meu trono" — As estrelas de Deus referem-se aos exércitos angélicos, como em "quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus" (Jó 38:7) e "ondas bravias do mar, que espumam suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas para sempre" (Judas 13). Veja também (Apocalipse 12:3,4 — 22:16). O desejo de assegurar o domínio sobre os seres angélicos é assim expresso: "E no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte" - estas palavras foram tidas como expressando o desejo de possuir também um reino terreno. No simbolismo bíblico, uma montanha significa um reino. "Acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações". (Isaias 2:2)
. "Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra." (Daniel 2:35)
. "Subirei acima das mais altas nuvens" — A glória de Deus é muitas vezes simbolizada por nuvens nas escrituras. Lúcifer queria possuir esta glória.
. "Serei semelhante ao Altíssimo" — Este é o apogeu dos outros quatro desejos. Todas essas declarações expressam independência e oposição a Deus, uma ambição deliberada contra Ele. Se ficarmos imaginando como o pecado pode entrar num ambiente perfeito, a resposta parece ser, no que diz respeito a Lúcifer e aos anjos que caíram com ele, que sua queda foi devido a revolta voluntária autodeterminada, contra Deus.
12) A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA
O terceiro capitulo de Gênesis descreve como o pecado entrou pela primeira vez na raça humana. Um entendimento completo do que ensina este capitulo é essencial para compreendermos o que se segue nas escrituras. A história da queda do homem, como dada aqui, é uma contradição absoluta a teoria da evolução, que pretende ensinar que o ser humano começou bem no inicio da escala moral e esta agora vagarosamente subindo por ela. Pelo contrario, este capitulo ensina que o homem começou bem no alto. À imagem e semelhança de Deus, e passou a cair cada vez mais baixo.
Gênesis 3 também contradiz a moderna teoria da hereditariedade e do ambiente. É-nos dito que a razão do pecado e do mal, se encontram no mundo e resulta da transmissão corrupta da nossa hereditariedade. Se nossos ancestrais não tivessem pecado, não seriamos pecadores. Sabemos que Adão e Eva não tiveram ancestrais corrompidos, mesmo assim pecaram. Somos ensinados também que a causa do mal no coração do homem é resultado do ambiente perverso que vivemos. Se tão somente pudéssemos purificar a sociedade, os homens não ficariam mais sujeitos a pecar. Isto mostra-se falso pelo fato de que nossos primeiros pais (Adão e Eva) viviam numa condição de perfeição, toda via pecaram. Assim devemos considerar que o homem não precisa de um novo berço e sim de um novo nascimento.
A raça humana foi criada de modo a poder receber o amor de Deus e corresponder a Ele. Para que o amor seja real, ele deve ser concedido livremente. O amor não é amor se for dado por compulsão. Como Deus saberia se o primeiro homem e mulher o amavam? Ele lhes deu uma oportunidade de provar seu amor através de um simples ato de obediência. De fato ele não era nem mesmo tão difícil quanto se poderia supor. Tudo que lhes foi pedido era não praticar um determinado ato — comer do fruto de uma das muitas árvores do jardim, e demonstrar desse modo sua dedicação ao Senhor. Deus não estava privando de nada. Adão e Eva não precisavam do fruto dessa árvore. Ele não era necessário para felicidade ou para o bem estar de ambos. Por outro lado, o homem não necessita do pecado. Ele não acrescentou nem sequer um segundo de prazer genuíno na vida humana.
Até os que pecam contra outros, desejam ser tratados com honestidade. O mentiroso quer que você lhe fale a verdade, o ladrão que rouba seus bens não quer que você roube os dele.
Não havia veneno ou mal no fruto daquela árvore. Só era errado porque Deus dissera para não comerem dele. Na economia moral que Deus estava estabelecendo aqui na terra, mas não uma necessidade. Adão e Eva jamais deveriam Ter convertido essa possibilidade em realidade. Cercados de tudo para prover cada uma das suas necessidades, e advertidos por Deus das conseqüências que adviriam, só podemos concluir que foram culpados de suas ações "Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência" (Tiago 1:14). É muito importante gravar este fato na mente: Deus não permitiu que Satanás coagisse Adão e Eva. A serpente os tentou, mas não os forçou a comer do fruto proibido. A maneira como Satanás agiu foi uma verdadeira prova, mas não constituiu num ato de sujeição completa de Adão e Eva. Isto se aplica a toda tentação. A tentação bem sucedida requer colaboração do indivíduo tentado. Ele deve ceder como Adão e Eva cederam. Poderiam Ter acusado Satanás de Tiago tentado, mas deveriam culpar-se a si mesmos por ceder a tentação. O pecado deles era de sua responsabilidade, e assim tiveram de suportar o castigo.
A diferença entre a queda de Satanás e a queda do homem é que Satanás caiu sem qualquer tentador externo. O pecado entre os anjos teve origem em seu próprio se; o pecado do homem se originou em resposta a um tentador e à tentação externa. Pois se homem tivesse caído sem um tentador, ele teria originado seu próprio pecado, tornando-se ele mesmo um Satanás.
Entretanto o pecado que habita no homem, não é dele mesmo, é sim uma intrusão externa que não nos pertence. O que é original do homem está declarado em (I Pedro 1:15-16) - "mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis santos, porque Eu sou santo".
13) RESUMO DA DOUTRINA DO PECADO
I) A Origem do Pecado
a) Em Relação a Deus - Deus não pode pecar, e no entanto o plano de Deus “precisaria” ter incluído a permissão para a entrada do pecado no mundo, já que desde a eternidade incluía um Salvador.
b) Em Relação a Satanás - O pecado foi achado em satanás (Ezequiel 28:15). Esta afirmação é o mais próximo que a Bíblia chega de uma indicação da origem do pecado.
c) Em Relação a Anjos - Alguns deles seguiram a satanás em seu pecado.
d) Em Relação ao Homem - O pecado originou-se no Éden.
II) A Definição de Pecado
a) O Pecado é uma ilusão: Esta idéia (errônea) assume várias formas de expressão; nossa falta de conhecimento é a razão pela qual temos a ilusão do pecado; ou, quando a evolução tiver tido tempo suficiente para nos ajudar a progredir, a ilusão do pecado desaparecerá.
b) O Pecado é o eterno princípio do dualismo: Sendo o Mal uma entidade externa a Deus é independente dEle.
c) O Pecado é o egoísmo: Esta é a definição ouvida com maior freqüência. É bíblica, mas incompleta e insuficiente.
d) O Pecado é a violação da Lei: Esta definição também é bíblica, mas insuficiente, a não ser que o conceito de lei seja estendido de modo a compreender todo o caráter de Deus.
e) O Pecado é qualquer coisa contrária ao Caráter de Deus.

III) Pecado Pessoal
a) Significado: O pecado é cometido por indivíduos. Podem ser pecados deliberados ou pecados por ignorância. Errar o alvo também implica atingir o alvo errado.
b) Penalidade: Perda de comunhão.
c) Remédio: Perdão - Retira a culpa produzida pelo pecado. Justificação - Declaração da atribuição da justiça de Cristo ao pecador que crê e é perdoado.

IV) A Natureza Pecaminosa
a) Significado: A Natureza pecaminosa é a capacidade e inclinação humana para fazer tudo aquilo que nos torna reprováveis aos olhos de Deus.
b) Passagens Bíblicas relacionadas: II Coríntios 4:4; Efésios 4:18; Romanos1:18- 3:20
c) Resultado da natureza pecaminosa: Depravação total (Absoluta falta de mérito do homem perante Deus) - Morte Espiritual.
d) Transmissão da natureza pecaminosa: Dos pais para os filhos (Salmos 51:5).
e) Remédio: Redenção, que nos concede nova natureza (regeneração) e uma nova capacidade de servir a Cristo. O Poder do Espírito que habita no crente para dar vitória sobre a natureza pecaminosa, que já foi julgada.

V) Pecado Imputado
a) Significado: O resultado da participação de cada homem no pecado original de Adão.
b) Texto-chave: Romanos 5:12 -Toda a humanidade estava em Adão, participando de seu pecado e assumindo a culpa resultante dele.
c) Transmissão do pecado imputado: Transmitido diretamente de Adão a cada membro da raça.
d) Penalidade: Morte física.
e) Remédio: A Justiça imputada de Cristo (II Coríntios 5:21).
VI) O Pecado na Vida do Crente
a) O fato do pecado na vida do crente (I João 1:8-10)
b) O padrão para o crente: Andar na Luz (I João 1:7)
c) A prevenção do pecado na vida do crente: Através da Palavra de Deus (Salmos 119.11); A intercessão de Cristo (João 17.15); O Espírito Santo que habita nele (João 7:37-39)
d) Penalidades do pecado na vida do crente: Perda de comunhão (I João 1:6); Exclusão da Instituição religiosa (I Coríntios 5:4-5); Disciplina de Deus (Hebreus 12:6); Às vezes morte física (I Coríntios 11:30)
e) O remédio para o pecado na vida do crente: Confissão (I João 1:9)