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COMO CONTRIBUIR, DÍZIMOS OU OFERTAS?

VOU COLOCAR DUAS OPINIÕES DIFERENTES,QUE O ESPÍRITO SANTO OS ILUMINEM.


A questão do dízimo

 Jean Michel in Estudos Bíblicos
Bom, esse é um ponto essencial que necessita ser reavaliado a ótica das Escrituras, e é desejável que todos os cristãos que dizimam, ao lerem o conteúdo que prossegue abaixo, que abram suas mentes para novas informações. Digo mais, não se conformem com o condicionamente imposto por alguns homens, pelo contrário, lutai contra esse sistema. Bom, se olharem no meu perfil, verão que sou membro da denominação chamada Assembléia de Deus. Mas antes de defender uma placa criada por homens, prefiro defender os preceitos da amada igreja fundada por Cristo. E é nessa questão, o dízimo, muito difundido nas ADs e outras denominações, que iremos tratar a partir de agora.
O QUE SIGNIFICA DÍZIMO?
Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, dízimo, do latim decimu, significa a décima parte de um todo.
A ORIGEM DO DÍZIMO COMO OFERTA
Muitos acreditam que o dízimo surgiu segundo a lei mosaica, mas isso está errado, essa prática iniciou-se antes, com o patriarca Abraão e não tinha nenhuma relação com qualquer coisa que possa ser chamada de lei. Aproveitando desde já este momento, vamos a questão: Como surgiu o dízimo? Tudo começa na batalha de quatro reis contra cinco (Gênesis 14). Batalha aqui, batalha lá, chega um momento que sobra até para Ló, pois o mesmo estava morando em Sodoma (região de conflito) depois que se separou de Abraão (Gn 13:11). Ló então foi levado cativo. Abraão sabendo disto, reuniu trezentos e dezoito criados (o que seria o início do exército israelita) e foi atrás de seu sobrinho. Como o Senhor estava com Abraão, nada o impediu de trazer Ló e tudo/todos os que estavam cativo juntamente com ele.
Nisto, entra em cena Melquisedeque, rei de Salém (Jerusalém) e sacerdote de Deus. E Abraão deu-lhe dízimo de tudo (Gn 14:20).
  • Note que o dízimo nesta passagem se apresenta como oferta, pois Abraão deu o dízimo a Melquisedeque. Só que muitos ainda teimam em falar que Abraão pagou o dízimo. O próprio “deu-lhe o dízimo” não denota nenhuma obrigação ou voto, mas sim uma oferta voluntária.
  • Não há nenhuma outra passagem que mostra Abraão dizimando, o que prova que isso foi um fato isolado.
  • O dízimo de Abraão não veio da sua renda particular, mas dos despojos da guerra (Hb 7:4). E o que são despojos? Segundo o dicionário, tudo aquilo que se retira de um indivíduo ou sociedade com uso da violência.
  • Um fato interessante é que em Hebreus 7:9 nos diz que a tribo de Levi pagou os dízimos através de Abraão. Sim, ainda não estando na terra, aquele que recebia os dízimos, pagou os dízimos!
O DÍZIMO SE TRANSFORMA EM VOTO
“E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.” (Gênesis 28:20-21)
  • Outrora o dízimo havia se apresentado como oferta, agora nesta passagem está como voto. E o que é um voto? Promessa solene com que nos obrigamos para com Deus, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
  • O dízimo de Jacó não foi por obrigação da lei judaica (se bem que ela nem existia ainda), mas por uma promessa pessoal entre ele e Deus.
O DÍZIMO FINALMENTE VIRA LEI…
“Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.” (Números 18:24)
Eis o ponto essencial em que chegamos agora!
  • Note que eles ofereciam o dízimo em oferta alçada.
  • A lei do dízimo era válida somente para o povo israelita.
  • Para ser mais específico, as 11 tribos pagavam o dízimo para a tribo de Levi, que era responsável pelo sacerdócio (Nm 18:1,2 e 21).
Indo mais fundo…
  • Ao final de cada três anos, os dízimos da colheita do terceiro ano eram armazenados em sua própria cidade (Dt 14:28).
  • Então, vinham os levitas (que não possuiam propriedade nem herança), o estrangeiro, o órfão, e a viúva, que viviam na cidade e comiam o dízimo (Dt 14:29). Comiam o dízimo!? Ora, o dízimo não era pago em dinheiro, mas sim do que era produzido pelo campo. Talvez alguns argumentem que não havia dinheiro naquele tempo, mas pelas Escrituras provo o contrário: “…Abrão muito rico em gado, em prata e em ouro.” (Gn 13:2)
  • Ainda nesse dízimo que os levitas recebiam, eles tinham que separar uma parte, o dízimo dos dízimos, que era destinado ao sacerdote, no caso Arão (Nm 18:26-28).
  • Caso um hebreu preferisse dedicar a décima parte da produção de seus cereais ou frutas, na forma de valor monetário, tinha permissão de fazê-lo, porém, um quinto dessa soma deveria ser adicionado. Mas não lhe era permitido redimir a décima parte de seus rebanhos de gado vacum (vacas, bois e novilhos) e de gado miúdo dessa maneira (Lv 27:30-33).
A APELAÇÃO
É notável que quando não está entrando dinheiro no caixa da igreja, o pastor local, parte para apelação! Geralmente isso está ligado a pressão ou medo de represálias dos “superiores da ordem eclesiástica”. Logo, o pastor tem que tomar alguma atitude rapidamente para que os membros contribuiam, ou dizimem no caso. Ai é aquela velha história, o sujeito volta no Velho Testamento e diz o versículo tão conhecido:
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos.” (Malaquias 3:10-11)
Ai começa: “Irmãos e irmãs, vamos começar a dizimar mais, aqui está, é mandamento do Senhor! Como iremos pagar a luz, água, comprar instrumentos e etc…? Fora ainda, que o Senhor vai te retribuir 100 vezes mais e as portas do céu vão se escancarar!”
Depois de mostrar os porquês e as vantagens em pagar o dízimo, mostra-se as desvantagens em não pagar:
Neste ponto a apelação é pesada e má, fora ainda que impõe medo nos ouvintes: “Olha, se não dizimarem, verão quem é o devorador! Enfrentarão o diabo sem a ajuda de Deus! Suas roupas começarão a rasgar do nada! Vocês serão demitidos do emprego! Sua vida conjugal irá fracassar! Vocês ficarão muito doentes! Vocês serão assaltados! Etc.” O que é isso!? Ouvindo uma pregação dessa, até eu começo a dizimar!!! Eu seria o primeiro da fila em pegar o envolope!!!
Mas como descobri a verdade acerca desta questão nas Escrituras, nenhuma doutrina de homem pode me persuadir a tal prática.
  • “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa…” não se refere a igreja, mas sim ao templo de Jerusalém (2 Cr 7:2).
  • “Trazei os dízimos para que haja mantimento…” não se refere a dinheiro para comprar mantimento, mas sim no próprio mantimento, ou seja, na produção do campo como aprendido sobre o dízimo anteriormente.
  • O interessante é que em Apocalipse 1:5-6 nos diz que fomos feitos reis e sacerdotes (lembrou de Melquisedeque?). Se o dízimo fosse válido, não seria para o pastor que teriamos que pagar, mas sim um para o outro…
A ABOLIÇÃO DA LEI MOSAICA
Meus amados, a lei do Velho Testamento caiu! Já não estamos mais debaixo deste fardo que os pais não conseguiram cumprir! Leiam Romanos 10:4, Gálatas 3:23-25 e Efésios 2:15. A únicas regras que estão no Velho Testamento e que o cristão deve cumprir são os 9 mandamentos, com a exceção do sábado, em que nenhum momento é citado no Novo Testamento. As leis restantes, incluindo o dízimo, já não são necessárias, pois não vivemos mais segundo o domínio da lei, mas pela graça do nosso Senhor Jesus Cristo (Jo 1:17, Lc 16:16, Rm 5:20, Rm 6:14, Tt 2:11, Gl 5:4…)
Quem ainda deseja seguir a lei, saiba que ao cumprir um ponto, deve-se cumprir todos os outros. Se você deseja dizimar conforme a lei, também terá que sacrificar cordeiros, evitar carne de porco, dar chibatadas em desobedientes, condenar a morte, etc. Mas lembre-se, por tudo isto estará debaixo de maldição. E saiba também, que essa insistência pregada por muitos em obedecer um item da lei, no caso o dízimo, não vem de Deus (Gl 3:10-13 e 5:1-8).
Que fique bem claro que não sou contra ninguém que deseja contribuir com 10%, mas sim contra a doutrina do dízimo cristão. Se você fez um voto em dar 10%, 20%, 30% ou mais do seu salário, sem problemas, o errado é estabelecer isto como mandamento do Senhor. Contribua conforme seu coração, pois Deus ama quem dá com alegria (2 Cor 9:7).
FINALIZANDO…
Talvez muitos se perguntem:
Como a igreja local irá se bancar financeiramente?
Muito simples: ofertas voluntárias. Eu não concordo com algumas doutrinas da Congregação Cristã no Brasil, mas posso afirmar que ela está certíssima ao menos num ponto: não pregam sobre a doutrina do dízimo, pois sabem que já não é mais válido. Mas como então entra dinheiro no caixa? Como eles constroem seus templos? Como compram instrumentos musicais? etc. Muitos acreditam que se a obrigação do dízimo for exterminada, não entrará dinheiro na igreja, mas pelo contrário, a Congregação Cristã arrecada na forma de ofertas, e às vezes pode até sair mais que o dízimo, pois não é limitado em 10%, mas sim segundo o coração de cada um, que não ofertam por imposição, mas sim por amor.
Como o pastor irá se sustentar?
Acerca do sustento daquele que dedica a obra integralmente, vamos analisar as Escrituras:
  • Paulo recebeu o salário de determinadas igrejas para servir os crentes em Corinto (2 Co 11:8)
  • O pastor que emprega tempo integral é digno do seu salário (1 Tm 5:18)
  • Paulo reforça a idéia acima (1 Co 9:4-14)
-> Vendo essas passagens, compreendemos que o salário do pastor ou aquele que se dedica ao Evangelho não é errado, mas Paulo também nos diz que o amor supera o direito:
“Se outros têm direito de ser sustentados por vocês, não o temos nós ainda mais? Mas nós nunca usamos desse direito. Pelo contrário, suportamos tudo para não colocar obstáculo algum ao evangelho de Cristo.” (1 Co 9 :12 NVI)
Em outras palavras, Paulo nos diz que se receber salário é dar motivo de escândalo e impede que as pessoas venham a Cristo, este direito não será usado. Sim, o amor supera o direito.
Para entender melhor pense o seguinte:
Você ganhará 100 almas para Cristo recebendo salário.
Você ganhará mais 10 almas para Cristo caso renúncie seu salário (direito). Essas 10 almas são daquelas: “Ah, o salário que o pastor ganha é para pagar a faculdade da filha dele…”
Qual você prefere? Continuar recebendo seu salário pelas 100 almas ou abnegar seu direito para ganhar mais 10 almas? O direito ou o amor? É isso que Paulo nos ensina! Veja:
  • Ele sendo livre, se fez servo!
  • Tornou-se judeu, para ganhar os judeus!
  • Tornou-se como se estivesse sujeito à lei, a fim de ganhar os que estão debaixo da lei!
  • Tornou-se para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei!
  • Se fez como fraco, para ganhar os fracos!
(1 Co 9:15-22).
(Ei, Paulo trabalhava sim, e deu ordem para trabalhar: At 18:1-3, 1 Tess 4:11-12 e 2 Tess 3:8-10.)
“O amor supera o direito.”                                                                                                 ____________________________________________

O OUTRO ESTUDO


Dízimos e ofertas no Novo TestamentoImprimirE-mail
Por Pr. Olivar Basílio   

Estudo para Terça-feira, 22/04/2008
Ai de vós escribas e fariseus hipócritas! Dais o dízimo do endro, da hortelã e do cominho, mas desprezais o mais importante da lei, a justiça, a misericórdia e a fé. Devíeis, porém, fazer nas coisas, sem omitir aquelas.
INTRODUÇÃO

Há entre nós aqueles que, por razões espúrias, fazem verdadeira oposição à entrega de dízimos e ofertas, pregando e ensinando contra a doutrina da contribuição tão vasta nas sagradas escrituras. Infelizmente, procedem como os fariseus e os escribas que Jesus denunciou em Mt 23:13.
Voltamos a afirmar que o sistema de contribuições nasceu por ato voluntário, como resultado de gratidão e de amor da criatura pelo criador e pelo reconhecimento de que o Senhor é dono de tudo; por isso, nasce no coração do homem o anseio por agradá-Lo, SL 116:12.

I – O DINHEIRO NO N.T


Para entendermos a razão dos oposicionistas quanto à contribuição para a obra de Deus, precisamos tratar da questão dinheiro e da do tesouro à luz do N.T.

1.1 - O dinheiro é um instrumento usado para transações comerciais e é produzido pelo trabalho efetivo de cada um; pelo suor do rosto, Gn 3.19, comemos o nosso pão cotidiano. (O suor transforma-se em dinheiro que, por sua vez, se transforma em pão).

1.2 - A natureza do dinheiro

O dinheiro é de natureza terrena; regra geral, seu acúmulo torna-se um laço na vida do homem, pois ele, acumulado, torna-se um tesouro dominante e faz do homem um servo. Ele tem poder em si mesmo. Exerce poder sobre as pessoas, que terminam por adorá-lo, Mt 6:24.

1.3 – O Dinheiro se torna um Senhor e deus

Quando Jesus disse que não podíamos servir a dois senhores em MT 6:24, Ele falava de Deus e o dinheiro; deixou claro que ou amamos a Deus ou a riqueza. “Não podeis servir a Deus e a Mamom” (riqueza), foi o que nos disse Jesus. Mamom é um dos rivais que rouba a adoração do homem.

1.4 – O amor ao dinheiro I TM 6:10


Embora o dinheiro seja indispensável à vida, devemos ter grande cuidado no trato com ele, uma vez que Paulo nos adverte que o amor a ele é a raiz de todos os males; chama esse amor de cobiça e diz que, muitos, por causa desse amor, desviaram-se da fé.

- O amor ao dinheiro do Jovem de Mt 19:21,22 o fez desviar-se da fé;
- O amor ao dinheiro de Ananias e Safira At 5:1-12 os levou à morte.

1.5 – As características do dinheiro como um deus.

1.5.1 – Sensação de onipotência (Todo Poderoso) Dn 4:28-32;
1.5.2 – Sensação onipresença (Influência em todos lugares);
1.5.3 – Sensação de onisciência (Compra todas as informações);
1.5.4 – Sensação de liberdade (Não se submete a ninguém Lc 18:1-5;
1.5.5 – Oferece segurança;
1.5.6 – Exige fidelidade e amor que pertencem somente a Deus Mt 6:19-21.

Não se pode generalizar, mas o que se vê, na prática, é que a maioria das pessoas endinheiradas procede de forma a evidenciar muitas das características de um deus.

1.6 - Rico é quem tem muito dinheiro


Esse é um conceito humano e antibíblico, pois a bíblia ensina que a verdadeira riqueza é a espiritual, veja: Louco, esta noite pedirão a tua alma. Então, o que tens preparado, para quem será? Lc 12:15-21
As cartas enviadas à Esmirna (Ap 2:8-9) e à Laodicéia (Ap. 3:14-17) nos dão uma visão correta de quem é rico para com Deus. A primeira era uma igreja sem propriedades, sem posses, mas Deus a chamou de rica; a segunda se gabava de ser rica e de nada ter falta, mas Deus disse que ela era pobre, miserável e desgraçada, embora possuísse muitas riquezas terrenas.
Uma pessoa pode ter muitos bens e ser pobre para com DEUS. Alguém disse que somos pobres quando o que temos é somente nosso; e ricos quando o que temos é repartido com o próximo necessitado.

1.7 - Como Deus se relaciona com a Riqueza


As riquezas terrenas foram criadas por Deus e a Ele pertencem (IS 45 .3; Sl 24.1); Ele pode dá-las a que quiser, Mt 20 .14,15. Essa verdade está claramente dita por Davi em I Cr 29:12: “E riquezas e glória vem de diante de ti; tu dominas sobre tudo. Nas tuas mãos há força e poder para engrandecer e dar força a tudo.” E mais, o profeta Ageu profetiza: “Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos”.
De forma cristalina, os textos nos declaram que todo o ouro, toda a prata e todos os tesouros da terra são do senhor e Ele os dá a quem quer. Então, havemos de concluir que tudo que somos e tudo que temos, também, pertencem a Ele, inclusive, nosso carro, nossa casa e, até, nossa poupança?

1.8 - Só Para Refletir

a) Como você se relaciona com dinheiro?
b) O dinheiro ou os bens que Deus lhe concedeu serviram para aumentar sua comunhão com Ele ou para diminuí-la?
c) Agora que você tem dinheiro, você tem mais, ou menos, tempo para adorá-Lo?
d) Você continua uma pessoa simples, humilde, submissa ou agora você já não nutre o respeito pelo seu pastor?
e) Você usa sua riqueza somente para as coisas úteis ou sua casa encheu-se de objetos perigosos para sua fé?
f) Tudo que você tem foi fielmente dizimado? Ou sua riqueza acumulada é mais que a soma de seus dízimos?

PENSE NISSO!!!

II - O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO


Depois dessas considerações sobre o dinheiro, penso que estamos amadurecidos para tratarmos do dízimo no NT.

2.1 - O DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO

Há pouquíssimas referências no NT acerca da obrigatoriedade da entrega dos dízimos e, se lidas icti oculi, isto é, a vôo de pássaro, o leitor não perceberá a força mandamental dos preceitos nelas contidos. E se um leitor não tiver certo nível de conhecimento de português, facilmente, será induzido a crer que não há mandamentos na nova aliança que determinam a devolução do dízimo, principalmente aqueles crentes que já possuem certa tendência avara.

2.2 - FARISEUS DIZIMISTAS LEGALISTAS- Mt 23.23

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”.

O texto citado foi uma confrontação de Jesus com as principais religiões do seu tempo, denunciando a hipocrisia e os erros doutrinários dos mesmos; a citação desse versículo encontra-se, também, em Lc. 11:42; porém, o conteúdo de Mateus é mais completo.

Da análise extraímos:

a) Jesus afirma que os fariseus e escribas eram dizimistas fiéis até dos produtos da hortaliça. “Pois que dizimais a hortelã, o endro e cominho...”; contudo,
b) Jesus os acusa de desprezar os preceitos da lei que são mais importantes do que o dizimar com tanto critério: “e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia, e a fé”. Quando ele diz mais importante da lei, fica claro que tanto o dízimo da hortelã, do endro e do cominho,  como o juízo, a misericórdia e a fé, são partes integrantes da mesma lei, só que os preceitos que ordenam o exercício do juízo, da misericórdia e da fé, eram mais importantes.
c) Jesus diz que eles deviam (sentido de obrigação) fazer estas coisas, isto é exercer o juízo, a misericórdia e a fé.
d) Jesus disse que não deveriam omitir a entrega dos dízimos: “não omitir aquelas”.

Significa não omitir a entrega dos dízimos da hortelã, do endro e do cominho, isto é, não deixar de entregá-los, embora fossem menos importantes do que o exercício da justiça, da misericórdia e da fé.

O fato de Jesus enfatizar e dar maior ênfase ao exercício da justiça, da misericórdia, e da fé, se dá pelo fato de que tais atributos são superiores e mais agradáveis a Deus do que a atitude de entrega dos dízimos, principalmente quando esse ato está destituído do sentimento do reconhecimento da soberania de Deus e do sentimento de gratidão. Regra geral, nesses casos, o que há é a intenção subjetiva do dizimista de obter lucros e recompensas com o ato de dizimar; nisso eles se aproximam dos fariseus.

Logo, se alguém puder exercer os preceitos mandamentais da lei que são mais importantes (justiça, misericórdia e fé), poderá, com certeza, exercer os menos importantes (dizimar as coisas mínimas da hortaliça).

Na interpretação de qualquer lei, não podemos deixar de aplicar a regra que ensina que “quem pode o mais também pode o menos”. Todavia, o inverso não é verdadeiro (quem pode o menos nem sempre pode o mais).  Exemplificando: um atleta que consegue correr em uma maratona de 50 km poderá, com facilidade, competir em todas, cuja distância seja inferior a 50 km; todavia, um atleta cuja participação não excedeu 15 km, dificilmente chegará ao final de uma maratona de 50 km.

Extrai-se, pois do texto citado que Jesus aprovou a atitude de entrega dos dízimos pelos fariseus, exortou-os a continuar praticando-o; porém, repreendeu-os por não perceberem o mais importante da lei e o mais agradável a Deus: a justiça (Mt 5:20, Jo 7:24, Rm 8:4) a misericórdia (Mt 9:13, Tg 2:13) e a fé (Hb 11:6, II Co 5:7).

2.3 - A EXCESSIVA CONFIANÇA NO ATO  DE DIZIMAR - Lc 18.9-14

O texto acima nos ajuda a compreender a atitude equivocada daqueles que vendem a ilusão de que os crentes podem ser abençoados, ou que Deus é obrigado a recompensar alguém, porque entregou os dízimos.

Na parábola do fariseu e do publicano, Jesus nos conta da oração de ambos: o fariseu se apresentou a Deus com todas as suas obras, inclusive, se gabando de não ser como o publicano “pecador” e de que dava o “dízimo de tudo”. O publicano alimentou no coração a ilusão de que seria, ou era, abençoado e aceito diante de Deus por causa dessas obras. O publicano, ao contrário, não tinha, ou não apresentou, nenhuma obra diante de Deus, nenhuma virtude; pelo contrário, não se sentiu digno, sequer, de levantar os olhos ao céu, numa atitude de respeito e de reconhecimento da soberania de Deus, tinha a convicção de que nenhuma obra, por maior que seja, tem valor algum diante de Deus, Is. 64:6.

Jesus concluiu o ensinamento, rebatendo àqueles que confiam em si mesmos ou naquilo que fazem; disse que o fariseu com toda sua pompa e autoconfiança nas obras que apresentou diante de Deus, voltou para casa sem ser justificado, mas o publicano, a quem o fariseu desprezou, chamando-o de pecador, que nada apresentou diante do Senhor, foi aceito diante de Deus e voltou recompensado para casa.

2.4 - O ENSINO DO TEXTO DE HEBREUS 7:1 SOBRE OS DÍZIMOS

Essa é última referência sobre os dízimos no NT e algumas lições podem ser daqui extraídas. Vejamos:

a) Melquisedeque - Tipo de Cristo - Hb 7:1-3, recebeu o dízimo de Abraão. Melquisedeque como Sacerdote do Deus Altíssimo, sendo Rei de Paz e Rei de Justiça, tipifica o Senhor Jesus, o Messias; Is 9.6 comparado com Mt 2:2, 5.35, I Tm 1:17, 6:15, Ap. 19:16.
b) Melquisedeque era maior que Abraão (Hb 7:4); recebeu o dízimo de Abraão, embora Abraão seja considerado o pai da fé - Gl 3.7, o amigo de Deus - Tg 2:13 e pai de todos nós - Rm 4.16 que andamos em suas pisadas - Rm 4:12; sendo o maior nome na história do povo de Deus, o texto nos chama a atenção para a grandeza de Melquisedeque que era maior do que Abraão, “a quem até o patriarca Abraão deu o dízimo dos despojos”...        
c) Melquisedque sacerdote eterno – Hb 7:6,8,17
O verso 9 ensina que, por meio de Abraão, pai da nação de Israel, até Levi, o cabeça da tribo sacerdotal, pagou dízimos a Melquisedeque. Os versos 6, 8,17 nos ensinam que Melquisedeque era sacerdote sem genealogia contada, isto é, sem princípio narrado. Diz o escritor cristão que ele ainda vivia em seus dias e era de uma ordem sacerdotal superior a de Levi; com essa argumentação, o texto nos faz perceber o direito desse sacerdócio que é superior por causa de sua natureza celestial e eterna de receber o pagamento do sacerdócio terreno mortal (Hb. 7:8) e Cristo foi constituído sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, cuja ordem sacerdotal veio para aperfeiçoar a relação entre Deus e os homens - Hb. 7:11,12

d) Melquisedeque o sacerdócio da perfeição
O escritor cristão diz que a perfeição do sacerdócio não veio por meio do sacerdócio arônico, que era constituído de homens mortais, Hb. 7:8,11, mas mudou-se a ordem sacerdotal e mudou-se a lei com o objetivo de aperfeiçoar, pela virtude da vida incorruptível, e introduzir uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus - Hb. 7:19. Sendo Cristo fiador de um concerto melhor, estabelecido pelo seu sangue - Hb 7:22. 

CONCLUSÃO

Se o sistema de contribuição (ofertas, dízimos etc.), aparece desde Gênesis, antes da lei, com as primeiras ofertas de Caim e Abel, e a Bíblia faz menção de pagamento de dízimos a partir da vida de Abraão, Gn 14.20, como admitir que alguém vivendo como Abraão, sob a ordem de um sacerdócio perfeito e eterno, se esquive de pagar os dízimos, tendo em vista que esse sacerdócio foi estabelecido para aperfeiçoar  a relação dos adoradores e seu Deus, e aproximar, definitivamente, o pecador do salvador?
Se no NT não é dado ênfase ao dízimo, havendo pouquíssimas referências, é por entender que os crentes já superaram o espírito materialista e de ingratidão a Deus, sabendo, perfeitamente, se conduzirem de forma a não se tornarem escravos de dinheiro, usurpando a parte que não é deles: o dízimo.