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segunda-feira, 22 de junho de 2015

É Certo Vender Produtos na Igreja?É errado fazer cantina e venda de produtos na igreja?

De acordo com

Mateus 21:12-13 “Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.”

É errado fazer cantina e venda de produtos na igreja?


Resposta:

De início é preciso que se faça a devida distinção quanto ao  alvo da presente resposta. Não estamos aqui discutindo acerca de absurdos como  “carnê de bênçãos”, o tamanho da oração do pastor ou das bênçãos prometidas condicionados ao tamanho das ofertas, e a venda de amuletos e “objetos de poder” ou o torto conceito do dinheiro como “semente de bênçãos”.
Cremos e esperamos que a igreja de Cristo facilmente reconheça a ganância envolvida nestas práticas.
Um único versículo é suficiente para tratar de coisas semelhantes a essas:

Atos 8.20  Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus.


O que nos interessa no presente estudo é algo bem diferente, é acerca da validade e a fidelidade bíblica de uma prática corriqueira em muitas de nossas igrejas: os bazares, cantinas e outras formas de comércio, com vistas à manutenção da igreja e apoio à causas emergenciais. Esta prática já está tão arraigada no coração de muitos que o mínimo questionamento já lhes parece ofensivo!
Afinal é indiscutível a alegria, o congraçamento e o animado e envolvente trabalho das senhoras da igreja, levantando recursos para as nobres causas cristãs.  Por que então mexer com o que está indo tão bem?

Apesar da boa vontade, intenção e sinceridade daqueles que organizam esses trabalhos na igreja, creio mesmo que involuntariamente, nos impedem de conhecer o modo como Deus deseja que seu povo se conduza.

Não cabe aqui fazermos leis para quem quer que seja, e sim orientar acerca das coisas mais excelentes reveladas na Escritura Sagrada, pois ela, e só ela é a nossa infalível regra de fé e de prática.

Leiamos:
“Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizei: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida” Ml 3. 8-10

“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; por que Deus ama a quem dá com alegria” 2 Co 9. 7


Os textos citados nos revelam a vontade de Deus quanto ao modo como deseja amparar os necessitados, bem como sustentar e abençoar a sua Igreja; isto é, HAVENDO FIDELIDADE NOS DÍZIMOS E OFERTAS JAMAIS PRECISAREMOS DE OUTRO EXPEDIENTE PARA ARRECADAÇÃO DE RECURSOS PARA A IGREJA.
A Bíblia nada fala sobre bazares, cantinas, bingos, “restaurantes”, etc, e sim sobre fidelidade nos dízimos e nas ofertas!

Quando Deus mandou que os israelitas fizessem o tabernáculo e todos os preciosos instrumentos de adoração, o que foi feito? Uma campanha movida por vendas, cantinas e bazares?
Não! Deus conclamou o seu povo para que voluntariamente ofertasse!
Êxodo 25
1 Disse o SENHOR a Moisés:
2 Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele recebereis a minha oferta.


Quando Davi precisava de grande soma de bens e materiais para que seu filho Salomão construísse o templo, o que ele fez? Incentivou alguma forma de comércio na igreja para conseguir os recursos necessários à construção?
Não! Voluntariamente ele deu de seus bens e conclamou ao povo que fizesse o mesmo!
Confiram:
ICrônicas 29.
1 Disse mais o rei Davi a toda a congregação: Salomão, meu filho, o único a quem Deus escolheu, é ainda moço e inexperiente, e esta obra é grande; porque o palácio não é para homens, mas para o SENHOR Deus.
2 Eu, pois, com todas as minhas forças já preparei para a casa de meu Deus ouro para as obras de ouro, prata para as de prata, bronze para as de bronze, ferro para as de ferro e madeira para as de madeira; pedras de ônix, pedras de engaste, pedras de várias cores, de mosaicos e toda sorte de pedras preciosas, e mármore, e tudo em abundância.
3 E ainda, porque amo a casa de meu Deus, o ouro e a prata particulares que tenho dou para a casa de meu Deus, afora tudo quanto preparei para o santuário:
4 três mil talentos de ouro, do ouro de Ofir, e sete mil talentos de prata purificada, para cobrir as paredes das casas;
5 ouro para os objetos de ouro e prata para os de prata, e para toda obra de mão dos artífices. Quem, pois, está disposto, hoje, a trazer ofertas liberalmente ao SENHOR?
6 Então, os chefes das famílias, os príncipes das tribos de Israel, os capitães de mil e os de cem e até os intendentes sobre as empresas do rei voluntariamente contribuíram
7 e deram para o serviço da Casa de Deus cinco mil talentos de ouro, dez mil daricos, dez mil talentos de prata, dezoito mil talentos de bronze e cem mil talentos de ferro.
8 Os que possuíam pedras preciosas as trouxeram para o tesouro da Casa do SENHOR, a cargo de Jeiel, o gersonita.
9 O povo se alegrou com tudo o que se fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao SENHOR; também o rei Davi se alegrou com grande júbilo.

17 Bem sei, meu Deus, que tu provas os corações e que da sinceridade te agradas; eu também, na sinceridade de meu coração, dei voluntariamente todas estas coisas; acabo de ver com alegria que o teu povo, que se acha aqui, te faz ofertas voluntariamente.
18 SENHOR, Deus de nossos pais Abraão, Isaque e Israel, conserva para sempre no coração do teu povo estas disposições e pensamentos, inclina-lhe o coração para contigo;
19 e a Salomão, meu filho, dá coração íntegro para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos e os teus estatutos, fazendo tudo para edificar este palácio para o qual providenciei.
20 Então, disse Davi a toda a congregação: Agora, louvai o SENHOR, vosso Deus. Então, toda a congregação louvou ao SENHOR, Deus de seus pais; todos inclinaram a cabeça, adoraram o SENHOR e se prostraram perante o rei.

E Jesus, certamente aquele que nos dá o exemplo do que é melhor, o que fez?
Vejamos:
Mateus 14.
15  Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer.
16  Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, de comer.
17  Mas eles responderam: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
18  Então, ele disse: Trazei-mos.
19  E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões.
20  Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios.
21  E os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.

O que vemos aqui? Jesus aproveitando a oportunidade para vender sanduíches baratinhos para a multidão? Quanto dinheiro não poderia arrecadar se ele vendesse a R$ 1,00 a unidade? Ou mesmo a R$0,50? Por que Ele não teve essa grande idéia?

Por que
O sustento do Senhor e dos seus discípulos, assim como o seu serviço de amparo aos pobres vinha das ofertas voluntárias:

Lucas 8.
1 Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele,
2  e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios;
3  e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais lhe prestavam assistência com os seus bens.

Mateus 19.
21  Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.

João 12.
5  Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários e não se deu aos pobres?
6  Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o que nela se lançava.

João 13.
29  Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres.


E quando os irmãos da igreja dos apóstolos, entusiasmados com a graça e o amor de Deus, voluntariamente traziam seus bens para que fossem distribuídos, Pedro resolveu que isto devia parar?
 Não, ele apenas orientou para que pessoas como Ananias e Safira não usassem de ofertas e de mentiras para se auto-promoverem.
Falando sobre a mau-dada oferta de Hananias:
3 Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo?
4 Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus.

E quando os irmãos de Jerusalém passavam por dificuldades, os apóstolos mandaram que lhes vendesse roupas ou comida a um preço baratinho?
Não! Paulo saiu pelas demais igrejas recolhendo ofertas conforme cada um pudesse dar.

I Coríntios 16.
2 No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.

2 Coríntios 9.
1 Ora, quanto à assistência a favor dos santos, é desnecessário escrever-vos,
2 porque bem reconheço a vossa presteza, da qual me glorio junto aos macedônios, dizendo que a Acaia está preparada desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado a muitíssimos.
3 Contudo, enviei os irmãos, para que o nosso louvor a vosso respeito, neste particular, não se desminta, a fim de que, como venho dizendo, estivésseis preparados,
4 para que, caso alguns macedônios forem comigo e vos encontrem desapercebidos, não fiquemos nós envergonhados (para não dizer, vós) quanto a esta confiança.
5 Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparassem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como expressão de generosidade e não de avareza.
6 E isto afirmo: aquele que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará.
7 Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.
8 Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra,
9 como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre.
10 Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça,
11 enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus.
12 Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus,
13 visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos,
14 enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós.
15 Graças a Deus pelo seu dom inefável!

A única menção que vemos a algum tipo de comércio na igreja vem da boca de Jesus, e com palavras nada elogiosas, confira Mt 21. 12, 13, Mc 11. 15-17 e Lc 19. 45, 46.

Sabemos que o contexto da reprovação de Jesus ao comércio no templo, com a devida expulsão dos mercadores (que aconteceu, por no mínimo duas vezes, uma no início, outra no fim de seu ministério terreno) é o uso do átrio dos gentios para estes negócios, impedindo que os estrangeiros que confiavam em Deus pudessem adorá-lo dignamente. Também há o forte indício de monopólio e superfaturamento na venda de animais e câmbio das moedas, o que é bastante percebido na expressão de Jesus “covil de salteadores”. O que de início parecia uma coisa boa, pois atendia as pessoas que vinham de longe e antes tinham o incomodo trazer o gado de casa, tinham desde então um lugar acessível para a compra de animais aceitos pelo sacerdote, bem como um local para a troca das suas moedas para as únicas que eram aceitas no templo, acabou por se tornar um sério impedimento à adoração das nações ao Deus de Israel, além de tornar o templo uma ambiente aberto à corrupção!
E é claro que os crentes modernos certamente não farão isso, espero! Mas ainda assim nada muda o fato de que a igreja do Antigo e do Novo Testamentos, viviam muito bem sem essa prática!

Aos que fazem questão do movimento de confraternização e amor envolvidos nas atividades mencionadas, digo que nada impede que se continue a fazer, tão somente, recomendo a que não mais se venda, e sim que se faça doações aos necessitados, pois para o pobre nada tem “valor simbólico”, cada moeda o ajuda para comprar pães ou mesmo para pagar a condução!

Lembremos do caso do irmão pobre com família numerosa que já não podia mais ir à igreja de tão pendurado que estava na cantina, e pensemos, por que a igreja não pode fazer como seu mestre Jesus, dar peixes e pães de forma gratuita e generosa?

Lembremos também do saudoso Rev. Jacó Silva, que grande bem prestou à Igreja Presbiteriana do Brasil, pregando a suficiência dos dízimos e ofertas para o sustento da igreja e amparo aos pobres!

Embora o tema “dízimos e ofertas na igreja” pareça ser um assunto desagradável, para muitos em nossos dias, é urgente falarmos sobre isso, e assim cumprirmos a vontade do Senhor, evitando todos os artifícios criados pelos homens que, ao lançarem mão destas alternativas, nada fazem senão assumir o fracasso na fidelidade dos crentes no serviço voluntário a Deus e aos pobres através dos seus bens!


Ps. Quanto à venda de Bíblias, hinários, livros e CDs nas igrejas, não penso que atentem contra o princípio mencionado, pois não servem para a manutenção da igreja e sim para o justo pagamento dos custos envolvidos. Entendo que podem ser vendidos, desde que não seja no local ou no horário dos cultos, e haja uma reserva que possa atender com empréstimos ou doações desses produtos aos que não possam comprar.

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