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quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Eleição, o Livre Arbítrio e as Implicações Teológicas

Implicações Teológicas

2011-06-02 23:12

A Eleição, o Livre Arbítrio e as Implicações Teológicas

 
Quando discorremos sobre as implicações teológicas, mostramos que Deus nos fez livres de modo tal que somos seres formadores de decisão. No exercício do livre arbítrio sempre faremos uma escolha ou outra em dada situação. Não podemos parar de fazer escolhas quando confrontados com alternativas. Se eu me recuso a fazer uma escolha, eu ainda assim, estarei fazendo uma escolha.
Mas como são feitas as escolhas no uso do livre arbítrio? Os homens farão escolhas segundo o seu desejo momentâneo. Ao escolher, pensamos ser a melhor opção no momento, isso quer dizer que nossas escolhas revelam nosso caráter, uma vez que é nosso caráter que produz nossos desejos e, portanto, determina o que consideramos a melhor opção. Na análise do caso do profeta Jonas, por exemplo, vimos que ao receber uma ordem direta de Deus Jonas foge para uma terra não apenas distante, mas também contrária na sua geografia.
Jonas exercita, portanto, o seu Livre Arbítrio para tomar o que na sua concepção, seria a melhor escolha, quer dizer... Fugir. Não obstante, Deus aceita a sua escolha de fugir, mas não a escolha de determinar o resultado da escolha. Deus encontra Jonas e usando métodos que lhe são próprios, exerce Sua soberania de forma que Jonas cumpre a vontade do Criador e não a sua, embora possa escolher.
A escolha de Jonas é tomada tendo como background a formação do seu caráter. Não foi um problema de fé ou de fidelidade que fez com que Jonas exercesse o seu Livre Arbítrio para fugir, foi na verdade um problema de caráter. Um bom caráter geralmente desejará boas coisas, e um mau caráter desejará coisas más. O que nós escolhemos, portanto, revela a condição da nossa maturidade, somos para isso livres. Jonas usou o seu Livre Arbítrio para não aceitar o chamado convocatório de Deus, mas não teve acesso a ele para permanecer na sua escolha. O final da história do livro de Jonas, na expressão de suas últimas palavras, Jonas deixa bastante claro que ele não exerceu o seu direito de livre arbítrio.
Deus nos criou como seres responsivos, em resposta à nossa criação deveríamos exercitar o livre arbítrio pra sempre glorificar ao Criador. Isto significa que nós não agimos diante de Deus, mas apenas reagimos. O livre arbítrio é, portanto uma resposta à ação do Criador. O livre arbítrio não é a mola propulsora para o efetuar na vida do homem, ele é apenas uma resposta da determinação Soberana de Deus. O fato de respondermos de forma contrária aquilo que Deus tem como plano, como no caso de Jonas, revela a nossa imaturidade e fraqueza de caráter. Deus nos protege de nós mesmos quando age com Sua Soberania.
O arbítrio pode ser livre para planejar, mas não para executar aquilo que o arbítrio de forma livre planejou. Provérbios 16 nos fala justamente deste suposto paradoxo. Quando se diz que o arbítrio é livre, obviamente não quer dizer que ele determina o resultado do nosso ministério, mas que o arbítrio rege como será desenvolto e/ou próspero este ministério. Não obstante, o caminho que leva a este resultado será diretamente condicionado pelo uso do livre arbítrio.
Mesmo tendo direito a exercer o arbítrio que é livre, o homem é incapaz de exercê-lo em muitas áreas de sua vida. Não escolhemos doença, pobreza ou dor. Não escolhemos nossa condição social, nossa cor, ou nossa inteligência. No entanto, em qualquer uma destas condições, o livre arbítrio nos regerá ministerialmente, para o bem ou para o mau.
Ninguém pode negar que o homem tem arbítrio, e que esta faculdade é livre para escolher o que dizer, fazer, pensar, etc. Acima falamos sobre o caso do profeta Jonas, mas o que dizer sobre Moisés, que insistentemente disse diretamente à Deus que literalmente não queria exercer o ministério. Deus aceitou os argumentos livres de Moisés? Não! O que poderemos argumentar sobre o profeta Jeremias, ele mesmo narra que o próprio Deus o escolheu desde o ventre de sua mãe. Qual foi o direito ao exercício do livre arbítrio para Jeremias? Nenhum! E sobre o apóstolo Paulo? Ah! Sobre Paulo... Dentre tantos personagens bíblicos fantásticos, este vale muito a pena falar. Não era cristão, não gostava de cristãos, perseguia, prendia e se necessário matava os cristãos. Ele amava a Deus, a sua maneira é verdade, mas amava. Quanto a Jesus Cristo, o seu sentimento era de ódio. Saulo usou o seu livre arbítrio para odiar Jesus e perseguir cristãos, essa foi a sua livre escolha. Contudo, a Soberania de Deus escolheu outro destino para Saulo. O próprio Jesus faz a Saulo um “chamado convocatório”. Jesus não convida Saulo a participar do ministério da Palavra, Jesus não faz uma pergunta do tipo: Saulo você gostaria de fazer parte do ministério? E Saulo diria: Não. Jesus então diria diante desta resposta: Ah! Tudo bem então, o importante é que você exerça o seu direito de escolher livremente. Jesus convoca Saulo e não aceita não como resposta. Foi assim com Jonas, com Moisés, com Jeremias, com Saulo, com tantos outros personagens bíblicos e também é assim comigo e com você.
Fecho o raciocínio afirmando que não há motivo para frustração, somos livres para tomar nossas decisões e eleitos por Deus para efetuar o ministério que Ele, na sua infinita Soberania tem como certo. Somos livres, porém eleitos para exercer o ministério que o nosso Deus tem separado para cada um de nós. Pensando em nossa liberdade de escolha, podemos projetar um curso de ação ministerial, mas não podemos realizar o intento daquilo que projetamos, isso dependerá daquilo que o dono da obra tem determinado. Em outras palavras, nosso arbítrio tem a capacidade de tomar uma decisão, mas não o poder de realizar o seu propósito. O homem poderá exercer o dom do livre arbítrio e planejar o que tiver vontade. Mas a sua vontade não é livre para realizar nada contrário à vontade de Deus. 

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