Ele está falando, mas você insiste em não escutar!Quem nunca fez uma oração sincera e após isso não ouviu nenhuma voz,
não viu nada acontecer, não sentiu nenhum movimento da parte de Deus?
Isso acontece com todos nós. Em muitos momentos somos impactados pelo
inquietante silêncio de Deus. Ou melhor, achamos que Deus está em
silêncio, pois não conseguimos interpretar aquilo que Ele está querendo
dizer ou mostrar, o significado desse “silêncio” que estamos
pavorosamente experimentando. Parece ser exatamente esse o sentimento
que tomou conta do salmista, que suplicou uma resposta clara de Deus: “Atenta para mim, responde-me, SENHOR, Deus meu! Ilumina-me os olhos, para que eu não durma o sono da morte.“ (Sl 13.3).
Pensando nesse “silêncio” de Deus, o que ele poderia significar? O que
Deus pode estar querendo falar a nós através do Seu suposto silêncio?
(1) O que você quer fazer está incorreto, errado diante de Deus.
O silêncio de Deus pode ser um indicativo de que nossas motivações
estão erradas. Podemos estar sendo levados por interesses egoístas,
paixões carnais, teimosia, caprichos, falsa religiosidade, orgulho,
cobiça, etc. Nesse caso, o silêncio de Deus é um indicativo claro para
uma reflexão mais cuidadosa de nossa parte a respeito do que estamos
pedindo e por que Deus não está respondendo: “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tg 4.3). Ou
seja, é bom que reflitamos a forma e as motivações dos nossos pedidos
que, em muitos casos, podem explicar o silêncio de DEUS.
(2) Não é o tempo certo de você fazer o que quer fazer. Quando
estamos diante do silêncio de Deus, quase sempre não nos ocorre que não
chegou ainda a hora de Deus agir concedendo nossa petição. Achamos que
nós é que estamos certos, que sabemos o tempo e o modo de as coisas
acontecerem. Somos ansiosos, impacientes, sem esperança, sem fé diante
dos nossos pedidos e do silêncio de Deus. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Por
que somos tão relutantes em descansar e crer que o silêncio de Deus
pode ser um indicativo de que ainda não chegou a hora Dele agir em nosso
favor?
(3) Deus está testando sua fé. Encontramos por toda a Bíblia
Deus em silêncio e ao mesmo tempo testando a fé e a esperança de Seus
servos. Uma pergunta precisa ser respondida: Até quando conseguimos
manter a esperança e a fé em Deus mesmo ser ter uma resposta – clara –
Dele? Muitos sucumbem a esse questionamento e abandonam a Deus, pois
estavam mesmo interessados apenas em Suas bênçãos e não Nele como o seu
caminho, verdade e vida. Apesar do salmista citado no inicio desse texto
estar buscando desesperadamente a resposta clara de Deus, ele não deixa
de registrar que, apesar do silêncio de Deus, ele permanece confiante
na ação do Pai: “No tocante a mim, confio na tua graça;
regozije-se o meu coração na tua salvação. Cantarei ao SENHOR, porquanto
me tem feito muito bem.” (Sl 13.5-6)
(4) Deus não está em silêncio, você é que não O está ouvindo. Já
passou por sua cabeça que Deus pode estar falando e você não estar
percebendo? Pois é, isso normalmente acontece na vida das pessoas que
não têm uma intimidade bem fundamentada com Deus. Elas não convivem de
verdade na presença do Pai, por isso, têm dificuldades de ouvir a Sua
voz. Jesus disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10.27). Para
reconhecer mais nitidamente a voz do pastor é preciso ter intimidade
com Ele. O salmista explica isso muito bem, quando diz que “A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.” (Sl 25.14). Talvez o silêncio de Deus seja, na verdade, uma surdez que você está vivendo. Ele está falando, mas você insiste em não escutar!
Hoje, muitas pessoas reagem contra o
legalismo e a discriminação afirmando que todos os pecados são iguais
perante Deus e que, portanto, não existe pecadinho, nem pecadão.
Contudo, a Bíblia parece mostrar uma complexidade maior sobre o assunto.
No excerto abaixo, parte do artigo “A
prática homossexual é igual qualquer outro pecado?”, Robert Gagnon dá 12
exemplos de que nem todos os pecados são iguais. Como este é um tema
polêmico, leia e reflita antes de reagir.
graça e paz.O fundamento escriturístico da visão de que alguns pecados são piores do que outrosAinda assim, continuo sendo um ‘homem da Bíblia’; então, atentemos para ela. Provas para a visão de que a Bíblia considera alguns pecados como piores do que outros são praticamente infindáveis, de modo que encerrarei a lista quando chegar numa dúzia de exemplos.(1) No Antigo Testamento, existe claramente uma classificação de pecados. Por exemplo, em Levítico 20, que reordena as ofensas sexuais do capítulo 18 conforme a severidade da ofensa/pena, com as ofensas sexuais mais graves agrupadas primeiro (20.10-16). Dentro do primeiro nível de ofensas sexuais (ao lado de adultério, as piores formas de incesto, e bestialidade) está a relação sexual com alguém do mesmo sexo. Obviamente, variadas penas para diferentes pecados se encontram por todo o material legal do Antigo Testamento.(2) Após o episódio do bezerro de ouro, Moisés disse aos israelitas: ‘Cometestes um grande pecado. Agora, porém, subirei ao Senhor; talvez eu possa fazer expiação pelo vosso pecado’ (Êx 32.30). Obviamente, o episódio do bezerro de ouro foi um enorme pecado por parte dos israelitas, algo confirmado pela gravidade do julgamento divino. Deve ter havido muitos tipos de pecados entre os israelitas, desde o momento em que partiram do Egito. Apenas em ocasiões específicas, no entanto, a ira de Deus se acendeu contra as ações dos israelitas — por que motivo, se todos pecados são igualmente abomináveis para Deus?(3) Números 15.30 refere-se às ofensas praticadas com ‘punhos cerrados’ (deliberadamente e, talvez, em tom de desafio) como se fossem de natureza mais séria do que pecados relativamente involuntários (15.22,24,27,29).(4) Em Ezequiel 8, o profeta é erguido por um anjo ‘nas visões de Deus’ e levado até Jerusalém, onde vê diferentes graus de idolatria ocorrendo nos arredores do Templo e o anjo declarando duas vezes a frase: ‘Verás abominações ainda maiores que estas’ (isto é, coisas detestáveis para Deus; 8.6,13,15; 8.17), depois de uma sequência de visões.(5) Jesus referiu-se ao ‘que há de mais importante na Lei’ (Mt 23.23), como justiça, misericórdia e fidelidade — era mais importante obedecer a estas coisas do que ao dízimo de especiarias, mesmo que não se devesse desprezar tais ofertas. Formulações deste tipo implicam que violações do que há de mais importante ou dos principais mandamentos (como não defraudar os pobres de seus recursos tendo em vista ganho pessoal) são mais graves do que violações de mandamentos menores ou ‘mais leves’ (por exemplo, dar o dízimo de pequenos alimentos, como especiarias), que, segundo Jesus, deveriam ser praticados sem deixar de lado as questões mais importantes. Jesus acrescenta a seguinte crítica: ‘Guias cegos! Coais um mosquito e engolis um camelo’ (23.24). Qual é a diferença entre um mosquito e um camelo, se todos os mandamentos e todas as violações são iguais?(6) Famosa também é a identificação que Jesus fez dos dois mandamentos mais importantes (Mc 12.28-31). Ele também disse: ‘Quem desobedecer a um desses mandamentos [da lei], por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino do céu’ (Mt 5.19). Novamente, apresentar mandamentos maiores e menores significa apresentar violações maiores e menores.(7) Sugeriria que a especial aproximação de Jesus a quem explorava os outros economicamente (cobradores de impostos) e a quem pecava na área sexual, sempre no esforço de restaurá-los para o reino de Deus que ele proclamava, não era tanto uma reação ao abandono deles pela sociedade quanto uma indicação da especial gravidade desses pecados e o perigo espiritual extremo que tais pessoas encaravam. Nesse sentido, pode-se pensar na história da mulher pecadora que lavou os pés de Jesus com lágrimas, enxugou-os com seus cabelos, beijou-os com seus lábios, e ungiu-os com óleo (Lc 7.36-50). Jesus explicou o ato extraordinário da mulher contando uma parábola de dois devedores: aquele a quem o credor mais perdoa é quem mais o ama. A dedução óbvia é que a mulher pecadora tinha feito algo pior aos olhos de Deus. Embora o anfitrião fariseu de Jesus não tenha gostado que a mulher tenha tido contato com Jesus, este louvou as ações dela: ‘Os pecados dela, que são muitos [ou grandes], lhe são perdoados, pois ela amou muito [ou grandemente]; mas aquele a quem se perdoa pouco, este ama pouco’ (7.47). Muitos cristãos tratam a ideia de ser perdoado de maiores pecados como algo ruim. Jesus subverteu-a. Pense só como cristãos que enfatizam que todos pecados são iguais poderiam empregar o conceito bíblico de alguns pecados serem mais graves do que outros: alguns de nós talvez precisassem de mais perdão, mas posso dizer que isto nos fez entender a graça do Senhor de uma forma melhor e, portanto, amar o Senhor ainda mais.(8) Outro caso óbvio de priorização de algumas ofensas como piores do que outras é a caracterização de Jesus sobre a ‘blasfêmia contra o Espírito Santo’, ‘pecado eterno’ do qual nunca se terá perdão — no contexto, refere-se aos fariseus terem atribuído os exorcismos de Jesus ao poder demoníaco (Mc 3.28-30).(9) De acordo com João 19.11, Jesus disse a Pilatos: ‘Nenhuma autoridade terias sobre mim, se do alto não te fosse dada; por isso, aquele que me entregou a ti incorre em pecado maior’. A referência é a Judas (6.71; 13.2,26-30; 18.2-5) ou ao sumo sacerdote Caifás (18.24,28). ‘Pecado maior’ naturalmente implica que a ação de Pilatos é pecado menor.(10) Paulo fala sobre diferentes níveis de ação em 1Coríntios 3.10-17: é possível construir de qualquer jeito sobre o fundamento de Cristo e sofrer perda, mas ainda assim herdar o reino. No entanto, ‘destruir o templo de Deus’, a comunidade local de cristãos, por questões indiferentes traria sobre a pessoa sua própria destruição efetuada por Deus. Contrasta-se esta destruição com ser ‘salvo … pelo fogo’ por causa das ofensas menores. Importantes comentaristas de 1Coríntios (por exemplo, Gordon Fee [pentecostal], Richard Hays [metodista], David Garland [batista] e Joseph Fitzmyer [católico]) concordam (1) que se faz distinção entre o grau de gravidade das ações; e (2) que Paulo aborda a salvação individual do cristão. Assim diz Gordon Fee: ‘Que Paulo atenta para uma verdadeira ameaça de punição eterna parece também ser o sentido óbvio do texto’. ‘Quem é responsável por desmantelar a igreja pode esperar julgamento à altura; é difícil fugir do sentido de juízo eterno neste caso, dada a sua proximidade com os vv. 13-15’ (The First Epistle to the Corinthians [NICNT; Grand Rapids: Eerdmans, 1987], pp. 148-149). O mesmo pensa Garland, que de forma sucinta afirma que ‘juízo desolador’ aguarda a quem destrói a comunidade em Corinto: ‘sua salvação está em risco’ (p. 121).(11) Se todo pecado é igualmente grave para Deus, por que Paulo destacou a ofensa do homem incestuoso em 1Coríntios dentre todos os pecados dos coríntios como motivo para exclusão da comunidade? Por que tamanha expressão de choque e indignação da parte de Paulo? Além disso, se não existisse uma classificação de mandamentos, como Paulo poderia ter rejeitado de imediato um caso de incesto que mostrava consenso entre dois adultos, era monógamo e comprometido? Se os valores da monogamia e compromisso pelo resto da vida fossem de mesmo peso que a exigência de certo nível de alteridade familiar, Paulo poderia não ter tomado uma decisão quanto ao que fazer. Naturalmente, para Paulo, não foi uma questão difícil de decidir. Ele sabia que a proibição de incesto era mais fundamental.(12) Primeira João 5.16-17 diferencia entre ‘pecado que não é para morte’ (pelo qual a oração pode surtir efeito e salvar a vida do pecador) e ‘pecado para a morte’ (pecado mortal, pelo qual a oração não surtirá efeito).Estes doze exemplos (será que precisamos mesmo de mais?) já devem deixar claro que a afirmação de que a Bíblia não indica em lugar algum que determinados pecados são piores aos olhos de Deus não tem nenhum mérito.Cristãos às vezes ficam confusos sobre a questão ao pensar no argumento de Paulo acerca do pecado universal em Romanos 1.18—3.20. Sim, Paulo argumenta que todos seres humanos, judeus e gentios sem nenhuma distinção, estão ‘debaixo do pecado’ e ‘sujeito[s] ao julgamento de Deus’. De fato, sua posição não é simplesmente que ‘todos pecaram e estão destituídos [ou carecem] da glória de Deus’ (3.23), mas também que todos ‘substituíram a verdade de Deus’ e de nós mesmos acessível nas estruturas materiais da criação (1.18-32) ou na revelação direta das Escrituras (2.1—3.20). Paulo argumenta o seguinte: não podemos dizer que pecamos, mas não sabíamos que pecamos. Pecamos e sabíamos (em algum lugar nos recônditos da nossa alma) ou, ao menos, recebemos muitas provas disso. Em resumo, todos são ‘indesculpáveis’ por não glorificar Deus como Deus (1.20-21).O que Paulo diz é que qualquer pecado pode excluir alguém do reino de Deus, se esse alguém pensa que pode conquistar a salvação por mérito pessoal ou que dispensa a morte reparadora e a ressurreição vivificadora de Jesus. O que Paulo não diz é que todo pecado é igualmente ofensivo a Deus em todos aspectos. O argumento em Romanos 2, por exemplo, não é que os judeus pecam tanto (quantitativamente) ou tão notoriamente quanto (qualitativamente) os gentios de maneira geral. Qualquer judeu, incluindo Paulo, teria rejeitado esta conclusão de imediato. Idolatria (1.19-23) e imoralidade sexual / homossexualidade (1.24-27) não era nem de longe um problema tão grande entre os judeus como o era entre os gentios (evidentemente, ‘os pecados comuns’ de 1.29-31 já eram mais problemáticos). Antes, o argumento é que, embora os judeus pequem menos e de forma menos notória em relação aos gentios de maneira geral, todavia têm mais conhecimento porque têm mais acesso às ‘palavras de Deus’ nas Escrituras (2.17-24; 3.1,4,9-20). Então, tudo fica nivelado, por assim dizer, no que diz respeito à necessidade de receber a obra graciosa de Deus em Cristo (3.21-31).